Publicado por: Alessandra | 02/05/2009

EPIDEMIA DE PÂNICO

Epidemia do pânico globalizado: vaca louca, terrorismo, crise financeira, gripe aviária, gripe suína, aquecimento global, que mais?

Gripe Suína. Foto do G1

Gripe Suína. Foto do G1

Parece que vivemos na iminência de um cataclismo mundial no mundo da informação globalizada. Mas, isso nem é novo… Há pelo menos 2.000 anos a Bíblia anuncia o apocalipse. Parece que a mobilização em torno do medo, de tantos medos, é uma característica humana, da nossa sabida fragilidade humana. Da própria vida que, de certo, só nos aponta a morte.

O que haverá de realmente ameaçador no último medo globalizado, o medo da vez, o medo do vírus da gripe suína? A cidade do México parou completamente por um dia; a OMS alerta para o risco de uma pandemia (o que é quase inevitável num mundo interconectado); os vôos da China para o México são supensos e por aí vai…

Ao mesmo tempo, autoridades começam a informar que o vírus parece ter baixa letalidade. Mas, como diz o pai dos meus filhos (médico sempre crítico das estatísticas simplificadoras) para quem morreu, a mortalidade foi de 100% e isso é importante o bastante. Então, seria exagero ou não, toda essa mobilização de governos e autoridades de saúde no mundo todo? Parece que se trata de um vírus novo, mutante. Ou seja, nós humanos não temos ainda defesas naturais contra esse organismo.

Mas, o meu ponto de vista é o da informação. A pouco tempo o mundo viu o terremoto em L’Aquila, no qual morreram 300 mil pessoas, três das quais da minha família por parte de padrasto. Poucos dias antes um geólogo italiano havia tentado avisar o risco de um terremoto de grandes proporções e foi censurado pelo governo italiano por causar pânico desnecessário. No caso da gripe suína ou influenza H1N1 (!), começa a acontecer o contrário: já se ouve críticas a um certo exagero da mídia e das medidas tomadas que levam a prejuízos econômicos por conta de um vírus que não está se mostrando tão letal. Já há quem esteja dizendo que laboratórios farmacêuticos “criaram” a epidemia (real ou epidemia de pânico) para oferecer a vacina…

Me pergunto: como informar na medida certa? Talvez não seja por aí a grande questão, uma vez que o papel da mídia é informar e seu vício, muitas vezes, é cair no sensacionalismo. Então a questão se volta para os que recebem informação. É preciso estar atento e saber filtrar a informação. Para tal, é necessário se informar mais.

Parece que só a informação que gera o conhecimento tem o potencial de filtro da própria informação. Será?

Atualizando:

Hoje, 17 de agosto de 2009, vivemos a tal epidemia de pânico de que falei, acompanhada de uma epidemia de gripe suína real. Informações mais recentes.


Respostas

  1. Que legal encontrar um colega de área! No início eu me sentia mais administradora (minha graduação), mas agora já estou me sentindo mais CI. 🙂

    Mas esse é um blog acadêmico, razão pela qual trago questões ligadas à área. Ou melhor, faço interpretações que tenham mais a ver com a CI.

    Se fosse fazer um blog pessoal, falaria de história, literatura e cinema. Talvez na vida pós mestrado…

    Não li “Medo Líquido”, mas li “Modernidade Líquida” do Bauman. Se você gosta dele, te recomendo uma entrevista que ele concedeu a uma pesquisadora brasileira.
    Aqui: http://migre.me/2WpL

    Um abraço e vamos nos falando!

  2. Perfeito seu post, vao extamente ao encontro do que penso (será por que somos de CI?) rsss. Já li, estudei e pensei muito sobre isso e minha conclusão é de que, infelizmente, não há cura para esse medo. A serpente destilando veneno em tal história é a mídia, sem dúvida. O que levaria, por exemplo, uma médica de Brasília pedir a sua mãe para comprar uma caixa de máscaras gastando 700 reais? O medo, certamente, já era patológico nessa doutora o que pode explicar sua suscetibilidade à mídia.
    Quem trata muito bem desse assunto é o sociólogo Zygmunt Bauman, no livro Medo Líquido. Se não leu, aconselho.


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